Prefeita Cristiane Damião, pres. do COMEFC, entidades e jornalistas podem ter sido vitimas de espionagem praticada pela Vale
15/09/2013 às 19:55 em Regional
Por Maicon Sousa
Entre as entidades
supostamente espionadas está o Centro de Defesa da Vida e dos Direitos
Humanos - CDVDH de Açailândia Rede Justiça nos Trilhos e Movimento dos
Sem Terras – MST.
O ex-funcionário da Vale, André Luis
Costa de Almeida (40), demitido pela a empresa global em março de 2012,
decidiu contar tudo o que sabe sobre as ações nada republicanas
praticadas pela a empresa, para defender seus interesses.
André Luis, trabalhou durante oito anos
na área de vigilância da Vale, sendo os dois primeiros meses como
contratado e depois disso como funcionário do Departamento de Segurança
Empresarial da empresa. André se tornou a pessoa responsável pelo
serviço de inteligência e gestor de contratos da Vale com empresas
terceirizadas, muitas destas teriam chegado a falência, por conta de
esquemas praticados por membros da Vale, a informação foi revelada pelo
blogueiro Decio Sá (in memória),
Após ter sido demitido, André Luis,
ingressou com uma representação no Ministério Público Federal (MPF). Ao
órgão, o ex-funcionário informou que participava de relatórios e era
informado formal e informalmente de diversas ações antiéticas praticadas
pela Vale, algumas ações ia contra as normas internas da própria
empresa. Questionado sobre o motivo pelo qual realizava os atos ilegais,
André, afirmou que se sujeitava a tais praticas porque caso se negasse
em fazê-lo seria demitido sumariamente.
Espionagem, grampeamento de jornalistas e pagamento de propinas para ter acesso a informações
Munido de provas irrefutáveis (notas
fiscais), André, denúncia que a empresa Network, com sede no rio de
janeiro (RJ), que atua no serviço de inteligência, foi contratada pela a
Vale para fazer serviços de Infiltração de agentes em movimentos
sociais; pagamento de propinas a funcionários públicos para obter
informações de investigações contra a empresa; grampos telefônicos e
“Dossiês de Políticos” para evitar posicionamentos contrários aos
interesses da Multi Nacional (Vale). Segundo ele, os estados onde tais
ações ocorreram foram, Rio de Janeiro, Espírito Santos, Minas Gerais,
Pará e por fim o Maranhão.
Segundo o ex-funcionário, para defender
seus interesses, grampear jornalistas, pagar propinas a funcionários
públicos e espionar lideranças de movimentos sociais, a Vale possui uma
central de espionagem que emprega 200 pessoas e utiliza cerca de quatro
mil terceirizados (Números fornecidos por André, a Vale não fornece tais
informações).
Ainda segundo o denunciante, até mesmo o
gerente-geral de imprensa, Fernando Thompson, foi alvo de grampos
ilegais. Foi revelada ainda a existência de uma série de dossiês contra
lideranças de movimentos sociais como o advogado Danilo Chammas e o
Padre Dario, da ONG, Rede Justiça nos Trilhos, de Açailândia.
O Gerente Geral de Segurança Norte,
Roberto Monteiro, fez um pedido direto a empresa Network, para que um
agente fosse infiltrado na Rede Justiça nos Trilhos. Um demonstrativo
de junho de 2011, com pagamento total de R$ 247.807,47 a Network. Na
prestação de contas do Escritório Norte (Pará e Maranhão), no item “Rede
Açailândia”, consta a despesa de R$ 1.635,00.
De acordo com documentação, o valor foi
pago para o recrutamento de uma pessoa que atuou junto à ONG, Justiça
nos Trilhos e outras atividades dos Movimentos Sociais em Açailândia. O
Movimento dos Sem Terras – MST e a rede Justiça nos Trilhos seriam as
principais vitimas de espionagem praticada pela Vale.
A ONG, seria uma das principais vítimas
da empresa global (Vale) porque reuni diversas entidades de direitos
humanos em defesa da população atingida pelas atividades do pólo
exportador, ao todo são 22 municípios que sofrem diariamente com a
atuação da Vale. Há mais de dois anos, a Rede Justiça nos Trilhos trava
uma batalha judicial com a empresa contra as obras de ampliação da
ferrovia, segundo a ONG, feitas sem licenciamento ambiental para escoar a
produção em expansão das minas de Carajás, impactando ainda mais a vida
das comunidades que vivem no entorno dos trilhos por onde circulam
gigantescas composições ferroviárias, de 9 a 12 vezes por dia, cortando
reservas ambientais e território indígenas e quilombolas.
Como já foi divulgado amplamente, os
acidentes ferroviários estão entre os principais motivos de protesto, os
trilhos não tem proteção nem passarelas na maior parte dos casos. O
mesmo demonstrativo onde aparece pagamento para um agente se infiltrar
em Açailândia, inclui R$1.360,00 para “despesas com o envio e manutenção
de agente, oriundo de Belém para Marabá, para a Op. Trilho em Marabá
nos dias 12, 13, 14 e 15 de maio”, dias em que os protestos pelo
atropelamento de um idoso interromperam a Estrada de Ferro Carajás, da
qual a Vale é concessionária.
A rede Justiça nos Trilhos também é uma
das articuladoras do movimento Atingidos pela Vale, do qual participam
sindicalistas e lideranças comunitárias de diversos Estados, e até mesmo
de outros países onde a multinacional atua, que chega a mais de 30,
comandadas pela sede no Rio de Janeiro. Essa articulação promoveu uma
votação mundial pela Internet que deu à Vale o troféu de “Pior Empresa
do Mundo” de 2012, entregue pessoalmente ao presidente da Vale, Murilo
Ferreira.
André, afirma ainda que a Vale adquiri
dados sobre antecedentes criminais de forma ilegal no Infoseg. A empresa
é acusada ainda de criar “dossiês políticos”, com a ajuda dos
infiltrados. Segundo apurou o Blog, o Centro de Defesa da Vida e dos
Direitos Humanos, teria sido alvo de espionagem. O CDVDH é um dos
principais auxiliares da ONG, Justiça nos Trilhos.
Até mesmo os prefeitos que compõem o
Consórcio dos Municípios da Estrada de Ferro Carajás no Maranhão –
COMEFC, conselho que cobra da Vale investimentos nos municípios
atingidos pela a empresa, estariam sendo espionados pela a global, o
principal alvo seria a prefeita de Bom Jesus das Selvas, Cristiane
Damião (PT do B), presidente do COMEFC, na lista de membros do conselho
que teriam sido espionados está o primeiro secretário do COMEFC e
prefeito de Bacabeira, Alan Linhares (PTB). Ainda segundo informações,
nas Audiências Públicas realizadas pelo conselho existem infiltrados que
se passam por jornalistas.
Com base nas denúncias feitas por André
Almeida, o Ministério Público Federal (MPF) decidiu investigar as
denúncias de suborno relacionado à Polícia Federal. As denúncias de
interceptação telefônica, uso ilegal do Infoseg e de dados da Receita
Federal também deverão ser investigadas.
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