MANOEL SANTOS NETO
Em entrevista exclusiva ao Jornal Pequeno, o deputado estadual Neto Evangelista (PSDB) destaca as ações de seu mandato até aqui e avalia as gestões do ex-prefeito de São Luís, João Castelo, do atual, Edivaldo Holanda e também o governo do Estado. O parlamentar também analisa a postura do PSDB na Assembleia Legislativa e os rumos que o partido deverá tomar nas próximas eleições.
Candidato a vice-prefeito na chapa de Castelo, em 2012, Neto Evangelista afirma que no momento, com uma postura independente, o PSDB, com vistas à sucessão da governadora Roseana Sarney (PMDB), conversa tanto com o PMDB de Luis Fernando quanto com o PCdoB de Flávio Dino:
“O mais importante é que em 2014 o PSDB irá acompanhar aquele que mostrar que tem o melhor projeto para o Maranhão. A decisão será tomada após ouvirmos as propostas e projetos reais, possíveis e que de fato resultem em um desenvolvimento positivo para o povo maranhense em todas suas demandas”, afirma o deputado, nesta entrevista ao JP:
Jornal Pequeno – Deputado, o que de fato aconteceu nestes últimos dias nos bastidores da Assembleia a ponto de não entrar em pauta – como era esperada – a votação do projeto do Orçamento do Estado?
Evangelista – É simples. Hoje os parlamentares indicam suas emendas no Orçamento do Estado, destinando a seus municípios, para atender as demandas das bases onde fazem política. Ocorre que o governo não pagou por completo as emendas e em virtude disto, a Assembleia resolveu não aprovar o Orçamento enquanto suas bases não forem atendidas. É por isso que defendo o Orçamento Impositivo, para que emendas deixem de ser manobras de negociação entre Executivo e Legislativo.
- O senhor ocupou recentemente a tribuna para sustentar o discurso de que o VLT tem projeto executivo para ser viabilizado em São Luís. O que pesou na sua decisão de abrir um debate sobre este tema na Assembleia Legislativa?
- Em primeiro lugar é importante deixar claro que logo após completar três meses do início da gestão do atual prefeito eu me posicionei pedindo que a Prefeitura desse continuidade ao projeto de implantação do VLT. O que inclusive foi compromisso que o prefeito assumiu em plena campanha eleitoral. Segundo, buscar soluções para o problema da mobilidade urbana de São Luís é uma responsabilidade de todos nós.
- Mas surgiram críticas …
- Sim, surgiram. Mas não se pode negar que este projeto da primeira linha do VLT era e continua sendo singular, pois sairia do principal terminal de ônibus que serve aos ludovicenses, o da Praia Grande, no centro, passaria por outros diversos bairros como Bairro de Fátima, Coroado, Coroadinho, passagem em frente à Rodoviária e chegada no Aeroporto. Portanto é um tema que envolve e beneficiaria a todos os maranhenses e turistas que estejam chegando ou saindo da ilha de São Luís.
- O que impede, então, que este projeto seja concretizado?
- Após meu primeiro posicionamento, aguardei mais um tempo pelo posicionamento da atual administração. O que disseram? Que não havia projeto. Por saber da existência do projeto, não me conformei e fiz questão de apresentar o projeto e alguns slides em telão na tribuna da Assembleia Legislativa, mostrando inclusive as ARTs (Anotações de responsabilidade Técnica). Sem projeto, o Crea não expede esses documentos. O Crea é um órgão responsável e sério.
- A seu modo de ver, então, a questão é política?
- É sim. Não executaram este projeto por pura picuinha política. Quiseram prejudicar o PSDB, o ex-prefeito João Castelo, mas na verdade prejudicaram a cidade, o povo de São Luís, que deixou de ser beneficiado com um projeto tão importante. Após meses sendo pichado e esquecido no terminal da Praia Grande, soube que iriam desmontar os vagões e colocá-los em um galpão. Uma pena e bastante lamentável, porque já poderia estar funcionando e servindo a cidade.
- O senhor acredita que o atual prefeito enfrenta as mesmas dificuldades que Castelo enfrentou?
- É obvio que todo governo enfrenta dificuldades, como o Castelo também passou, mas buscou superá-las. O atual gestor diz que teve uma herança ruim, que recebeu a Prefeitura quebrada. Mas não diz que o pouco ou o tudo que ele possa estar fazendo agora foi elaborado e projetado pelo Castelo. Não há um projeto elaborado pela atual gestão. Os canais, asfalto para as ruas do Coroadinho, as casas do ‘Minha Casa, Minha Vida’, as creches. Tudo foi elaborado e iniciado pela gestão do PSDB. A atual foi incapaz, por exemplo, de dar continuidade ao VLT e ao importante programa Leite na Escola, que beneficiava milhares de crianças da rede municipal de ensino.
- O senhor acha que o atual prefeito vai conseguir honrar os compromissos de campanha?
- Olha, eu disputei a mesma eleição que o Edivaldo, estando como vice do Castelo. Foi dito que administrar São Luís não era difícil. Era apenas uma questão de gestão, que ele era amigo da Dilma e que tudo ia ser resolvido já a partir do primeiro dia. Ouvi e ainda lembro bem de suas promessas de campanha. Sabia que ele não iria transformar São Luís numa cidade europeia como era colocado, mas confesso que não imaginei que o primeiro ano de sua administração chegasse ao ponto que chegou. Me lembro de um jovem, com ideias novas para quando assumisse a Prefeitura de São Luís. Gerou-se uma grande expectativa na população, com a história do GPS, bilhete único entre outras promessas. Entretanto, o que se viu e se ouviu até agora foram apenas discursos de dificuldades, lamentações e acusações à gestão anterior.
- Mas, passado este primeiro ano, o senhor não acredita que haverá melhorias…
- Olha, é bom observar: outros prefeitos também vivem dificuldades, mas conseguem fazer o município caminhar a contento da população. Em Salvador por exemplo, o ACM Neto já é cotado para governador, em Manaus, meu colega de partido, o ex-senador Artur Virgílio é um dos melhores prefeitos avaliados do Brasil, e todas são cidades difíceis de administrar. A mudança pra melhor, prometida pelo prefeito em 2012, não aconteceu em 2013 e assim, fica difícil as pessoas acreditarem que ele conseguirá melhorar a gestão em 2014. Mas vamos torcer pra que ele e sua equipe renovem as forças neste fim de ano e o povo de São Luís tenha um ano melhor.
NETO EVANGELISTA GARANTE: PSDB apoiará em 2014 quem tiver o melhor projeto para o Maranhão- Pode-se dizer que as dificuldades políticas entre o PSDB e o partido de Flávio Dino começam a ser superadas?
- Fui eleito em 2010 na coligação que tinha como candidato a governador o Dr. Jackson Lago, fiz campanha para o Jackson, portanto depois de eleito não poderia ser incoerente e ao assumir o mandato passar para o lado do governo eleito. Mantive meu posicionamento de oposição ao governo do Estado. Mas o partido faz uma oposição independente, sobretudo após 2012, quando Flávio Dino fez campanha contra o nosso projeto de reeleição em São Luís e em Imperatriz também. Com isso, obviamente criou-se um sentimento de desgaste entre nós e os outros partidos de oposição que acompanharam Flávio em 2012. Não foi o PSDB quem se afastou. Fomos afastados pelas decisões tomadas contra o nosso partido e por isso assumimos uma postura independente
- Como o senhor avalia o atual mandato da governadora Roseana?
- Quem melhor deve avaliar é o povo. As pesquisas divulgadas recentemente mostram a população maranhense bem dividida. O que dá pra entender é que perto de encerrar três anos de gestão podemos avaliar que o atual governo possui erros e acertos. Vou citar duas áreas que exemplificam isso de forma muito clara. Na segurança, por exemplo, é patente que foram cometidos equívocos e o resultado são os altos índices de homicídios e assaltos nas ruas, além dos problemas no sistema prisional. Por outro lado, é inegável o trabalho e os avanços na área de infraestrutura, interligando todo o estado com asfalto, por exemplo.
- Que rumos o PSDB deve buscar em relação à sucessão da governadora, em 2014?
- No começo deste debate, logo no início do ano, defendi a candidatura própria do PSDB. Não prosperou. Por sermos independentes, hoje o PSDB conversa tanto com o Flávio Dino, quanto com o Luis Fernando. É natural que queiramos reeleger e aumentar a nossa bancada de deputados estaduais e federais e fazer um palanque para o senador Aécio Neves, nosso candidato a presidente. Tudo isso passa pela conversa. Mas o mais importante é que em 2014 o PSDB irá acompanhar aquele que mostrar que tem o melhor projeto para o Maranhão. A decisão será tomada após ouvirmos as propostas e projetos reais, possíveis e que de fato resultem em um desenvolvimento positivo para o povo maranhense em todas suas demandas.
- Especula-se nos bastidores políticos que o senhor poderá ser candidato à Prefeitura de São Luís em 2016 pelo PSDB. Esta cogitação faz sentido?
- Olha, sou filiado ao PSDB desde 2006, quando completei 16 anos e sou tucano por convicção. Ter meu nome lembrado pra este desafio é uma honra e estarei à disposição do partido para qualquer disputa que o mesmo precisar de mim.